terça-feira, janeiro 04, 2011

Felizes na inexistência


"Paro, fecho olhos, sinto.É estranho como a obsessão conta de nós, afinal tu nem sabes quem sou eu e eu no final de contas nada sei sobre ti. A única coisa que sei é que há muito no meu pensamento somos um do outro. Vejo o teu rosto no rosto que não é o teu, vejo-te em cada pessoa que se cruza comigo, sinto o teu cheiro, aquele que imagino que seja o teu, a tua voz, o teu toque, tu..BASTA!
Chega,não passas de um fantasma, de uma eterna paixoneta adolescente, és isso mesmo, uma eterna paixoneta adolescente inocente e idiota, agora desaparece sim? Pára. Não te peço mais nada, não quero resguardar-me no canto do meu subconsciente, onde eu sei que somos muito felizes, sabes porquê? Porque ao regressar à realidade, nada daquilo existe.
Tu és de outro mundo, eu? eu pertenço a outra realidade que não é a tua. Acabou. Afinal tu não existes não é? Não da maneira como gostava que existisses. Sofro porque quando olho para tudo à minha volta tu não passas de uma criação minha, inventada dentro dos meus ideais, e agora tomas conta de mim e tornas-me débil às adversidades de aquilo a que realmente pertenço, à vida!

Ouço o barulho de uma travagem brusca, os pneus de um carro raspam na estrada, ouvi gritos, o tintilar dos vidros dos pára-choques a despedaçarem-se, e o choque violento no meu corpo. Eu estava deitada no chão, rodeada de sangue.
Ouvi as sirenes da ambulância, do carro da polícia, ouvi vozes, uma delas do médico:
-Está inconsciente, paragem cardo-respiratório, preparar reanimação!
Tu estavas de mão dada comigo, dizias que estava tudo bem enquanto me acalmavas com beijos. Eu, eu tentava pedir-te desculpa e tu apenas colocavas o dedo nos meus lábios e sussuravas "shiuu, eu amo-te meu amor, estou aqui" . Passaram 6 minutos, o barulho da rua ganhou um maior eco; a agitação da rua ganhou uma maior dimensão; ouço pessoas a falar, não percebo o que dizem; o barulho aumenta; tudo é indistinguível; soa a voz do médico: - 15:33h declara-se óbito.

Morri naquela tarde, inconsciente. A culpa foi minha, tivemos aquela discussão, disse-te coisasAdicionar imagem horríveis e saí disparada,sem olhar para mais nada, quando tudo aconteceu... Felizmente nunca desististe de mim ou eu nunca deixei que desaparecesses, tive tanto medo de te perder, mas naqueles minutos que mais pareciam horas tu nunca me abandonas-te, e agora pertencemos ao mesmo mundo. Somos uma e única coisa, nada. Agora nenhum dos dois existe, mas somos tão felizes. "



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